Depois de duas semanas, hoje arrancamos com a abordagem deste tema. Posteriomente, seguir-se-ão outros, conforme consta da nossa planificação.
A 7ª classe é a primeira de um conjunto de duas outras (8ª e 9ª) que perfazem o Iº ciclo do ensino secundário. Ela é a ponte entre o ensino primário e o primeiro ciclo do secundário. Sua posição estratégica na grelha da 2ªReforma Educativa de Angola confere-lhe, o estatuto de alfobre para as classes posteriores, por isso, deve ser bem estruturada em todos os seus aspectos didácticos, entre os quais a planificação.
A planificação exige programas com objectivos
claros, gerais e/ou específicos que sejam exequíveis.
Para a
7ª classe o ( Programa de Português Língua Segunda) PPLS define objectivos gerais e específicos, estes últimos
enquadrados por temas. Lembramos que ambos, enquadram-se no objectivo
macro do Iº Ciclo que visa essencialmente aprofundar o conhecimento da língua
portuguesa de modos a dotar os alunos de proficiência comunicativa.
Porém, é na nesta classe, onde se dão os primeiros passos para o alcance deste objectivo, concretizado em pleno, apenas na 9ª classe.
Assim, o itinerário começa com os objectivos gerais, na ordem do conhecer a Língua Portuguesa adequando o seu uso correcto às diferentes situações de comunicação[1].
Na sequência, prioriza-se a compreensão das
características das tipologias textuais e a contextualização dos discursos,
seguindo-se logo, a aprendizagem da composição escrita de textos: narrativos,
descritivos, injuntivos, informativos e poéticos. Por fim, e ainda dentro dos
objectivos gerais procura-se levar o aluno a:
Compreender enunciados orais e
escritos através da informação captada.
Apreender criticamente o
significado e a intencionalidade de mensagens veiculadas em discursos
variados.
Analisar e interpretar textos
através da apropriação progressiva de instrumentos linguísticos e literários. Compreender
uma sistematização de conhecimentos sobre o funcionamento da língua a partir de
situações de ocasião.
Aos objectivos gerais
anexam-se os específicos, enquadrados nas tipologias textuais. Neste âmbito, o Programa
definiu para cada tipo de texto, metas a serem alcançadas que passam
essencialmente, pelo conhecimento e compreensão das estruturas do texto nas temáticas
da oralidade; da leitura; da escrita; do vocabulário e da gramática.
Verifiquemos à guisa de exemplo, esse processamento nas cinco tipologias
textuais:
- Texto narrativo (compreensão):
Inferir a superstrutura deste tipo de
texto.
Esse objectivo demostra claramente que o
aluno deverá saber identificar quando é que está em presença de um texto
narrativo. Compreender a sua estrutura na medida do que aprendeu.
- Texto descritivo
(oralidade): Distinguir e integrar a
descrição nas várias situações de comunicação orais e escritas.
A oralidade, uma das chaves
fundamentais na aprendizagem da língua segunda, também é prioridade nos
objectivos específicos.
- Texto injuntivo
(escrita): essa capacidade é prevista nos termos em que o aluno deverá aprofundar técnicas de escrita deste tipo de
textos.
Essa ideia de continuidade e aprofundamento, reforça o fundamento de que a 7ª classe é um eixo fundamental para as próximas classes e escrever bem, é prioridade do Programa.
- Texto informativo (vocabulário): activo ou passivo, o vocabulário é fundamental na apreensão das mensagens veiculadas. Neste sentido, o Programa entende que o aluno deverá: desenvolver o conhecimento no domínio dos fenómenos sociais, culturais, da ciência, do desporto.
A separação de cada uma
dessas áreas (sociais, culturais, da ciência e do desporto) pelo aluno requer,
o domínio do vocabulário específico. Por isso, é um desafio que exigirá muito
do professor e do aluno. Com efeito, mais adiante trataremos com mais detalhe e
abrangência a questão do vocabulário.
-
Texto poético (gramática):
A área da gramática é a mais invocada em todos os textos, quer explicita como
implicitamente. Para o caso do texto poético, o Programa propõe-se levar o aluno
a construir textos lúdicos e
eventualmente poéticos a partir do levantamento de campos lexicais abrindo
assim, portas para a aprendizagem e domínio continuados da gramática.
Apesar dessa condensação
inicial, parece-nos ser um bom pressuposto para o aprofundamento das questões gramaticais. Entre
muitas competências esse objectivo activará conhecimentos de escrita,
semântica, pragmática e até de ordem metalinguística.
Do outro lado das questões
disciplinares, temos no Programa as transdisciplinares, que embora pouco referidas, também ocorrem esporadicamente no
processo de aprendizagem multifacetado do aluno. Entre as várias temáticas, as
de índole económica, política, literária, cultural, histórica e geográfica, são as que mais
saltam a vista, tudo tendente a contribuir para o desenvolvimento
socioeconómico, político e cultural de Angola como prescrevem os objectivos da
2ª REA.
Os conteúdos do Programa deverão ser leccionados em um ano, com uma carga horária de 4 aulas semanais, 16 por mês e 120 por ano. Cada aula tem o tempo regulamentado de 45 minutos, perfazendo 180 minutos por semana.
Contudo, mais do que planear objectivos, importará à sua materialização no terreno, sempre tomando em consideração que, deverão proporcionar actividades de aprendizagem que sejam: (a) activas - envolvimento dinâmico do aluno em termos de manipulação, experimentação, descoberta, etc.; (b) significativas - consideração das experiências escolares e para-escolares do aluno; (c) diversificadas - que possibilitem a utilização de recursos e materiais diversificados; (d) integradas - promoção da articulação e convergência de conceitos, conhecimentos, e competências de diferentes áreas e natureza e por fim (e) socializadoras - promoção das trocas culturais, a circulação partilhada de informação, criação de hábitos de interajuda, cooperação etc., como de resto advoga também Morgado (2001: 72).
Biografia
INIDE (2005) Programa de Língua Portuguesa do 1º Ciclo do Ensino Secundário. Luanda. pp.6-32
MORGADO, José (2001) A Relação Pedagógica. Diferenciação e Inclusão. 2ª edição. Lisboa. Editorial Presença.