A Didactização dos Meios de Ensino
Em seminário de capacitação, os docentes da Escola de Formação de Professores do Lubango, aprenderam mais sobre às Tecnologias de Comunicação e Informação como recurso didáctico para ministração de aulas.
Síntese
As Tecnologias de Comunicação e Informação
(TIC’s) revolucionaram as formas de apresentação e ministração de conteúdos de
aprendizagem e ensino.
Hoje, mais do que nunca, o professor é chamado
a ter um papel activo e proactivo no manejo e, sobretudo, no conhecimento do
“estado da arte” das TIC´s, não só de forma geral, mas strito senso, no seu campo de acção.
Assim, urge, reflectir e agir com o ónus
didáctico, consabidos das vias facilitadoras da aprendizagem recorrendo ao uso
das TIC’s.
Com este desafio, científico-didáctico,
abraçamos este projecto que esperamos ser produtivo e significativo para o
corpo docente da EFP – Lubango, pois, a didactização sempre exige à adequação
dos conteúdos aos vários factores intra e extra educação e ensino.
Concepções sobre o material didáctico
Existem inúmeras definições sobre material
didáctico. Das mais escolarizadas às menos escolarizadas, o material didáctico é
entendido como toda a produção de livro, áudio, vídeo, multimédia…com fins de
ensino-aprendizagem e com objectivo, delimitação, método e estratégia bem desenhadas.
Outros autores entendem-no ser
Um instrumento de ensino – aprendizagem que
contém a matéria a ser leccionada, e que representa uma segurança para o aluno,
que passa a ter onde estudar, mesmo quando tenha de faltar às aulas. Ele
delimita todo o itinerário a ser percorrido por professores e aluno: define o
conteúdo de ensino, impõe uma perspectiva teórica – metodológica, determinando
o campo de acção dos sujeitos da educação[1].
Das várias proposições, algumas mais
assertivas que outras, cabe resumir que o material didáctico é todo e qualquer
material que o professor pode usar na sala de aulas, seja o produzido especificamente
para fins educativos ou não desde que tornem o processo de ensino-aprendizagem
significativo, exequível, contextual, inclusivo e universalizante por um lado.
Por outro que procurem cumprir com os 7 princípios didácticos fundamentais:
1º Princípio da
tecno-cientificidade: consiste em que todo conteúdo do ensino deve ter um
caráter tecnológico, artístico ou científico, apoiado na realidade objectiva.
Deve ser sistêmico e, como reflexo dessa realidade deve ficar vinculado à
prática social, como critério da verdade.
2º Princípio holístico do
currículo: cada uma das matérias, disciplinas ou temas de qualquer etapa
docente deve abordar, como mínimo, conhecimentos previamente estruturados e
planejados, de maneira que o discente os integre como parte de um todo:
transdisciplinaridade.
3º Princípio da optimização
docente: inter-relação dos processos mentais. Este consiste na necessidade de
vincular os factos reais, concretos, com as abstrações e generalizações,
através de operações planejadas que levem à cognição: apropriação dos conteúdos
pelos discentes.
4º Princípio da
metacognição: é o que diz respeito ao caráter consciente e à actividade
independente dos discentes, através da direcção de um docente que viabilize
estratégias e tácticas para condicionar a aprendizagem. (aprender a aprender).
5º Princípio da
acessibilidade: constitui a exigência de que o conteúdo do ensino seja
compreensível e possível de acordo com as características individuais do
discente. Consiste em conhecer o nível intelectual e académico do alvo do
ensino ou da media do grupo para que o planejamento didáctico seja objectivo.
6º Princípio da vinculação
do individual com o colectivo, e vice-versa:
deve unir os interesses do grupo e os de cada um de seus membros, com a
finalidade de lograr os objectivos propostos nas tarefas planejadas. Não se
deve dinamizar a aula para um discente, e sim para todos os membros do grupo.
Converter os grupos em colectivos, observando as características individuais.
Deve permitir o atendimento diferenciado.
7º Princípio da solidez dos
conteúdos: consiste no trabalho sistemático e consciente durante o processo
docente, no qual o discente deve assimilar os conhecimentos, as habilidades, os
hábitos e os valores, interiorizá-los, guardá-los na memória e utilizá-los a
longo prazo.
Como é de senso
comum, nenhuma lei, princípio ou paradigma é perfeito, apresenta sempre pontos
fracos e fortes. Com isto, auguramos e apelamos para a reflexão aturada,
responsável e conhecedora do docente. Não só em relação às matérias mais
específicas e do seu campo de actividade, mas também transdisciplinarmente
competente, enfim, enciclopédico.
II. O recurso às tecnologias de comunicação e
informação como meios didácticos
O acesso às tecnologias de comunicação e
informação em Angola, e particularmente no Lubango, ainda que não “existam”
números oficiais, é o primeiro motivo fundamental para a nossa abordagem. O
segundo prende-se com a presença de cibercafés, modens de acesso individual ou
colectivo à Net e sua concomitante presença em telemóveis, andróides, smartphones
e outros aparelhos similares em posse de alunos e professores.
Por estes dois motivos podemos vislumbrar a
importância de capacitar os professores em matéria sobre às TIC’s mesmo que o
seja de forma iniciática.
Uma breve abordagem histórica, sobre o assunto
leva-nos a revistar os feitos de Larry Cuban, professor da Stanford University que
na sua famosa obra: Professores e
Máquinas: O Uso da tecnologia na sala de aulas desde 1920 faz um rescaldo
das vantagens e desvantagens do recurso e uso constante das TIC’s no processo
de ensino-aprendizagem.
Entretanto, não nos deteremos em abordagens síncronas,
mas por agora, pretendemos apresentar os conceitos-chave do nosso tema:
tecnologia, comunicação, informação, mas claro, não de forma linear.
Partindo do princípio que comunicar (do latim comunicare quer dizer comunhão; estar
com; partilhar de alguma coisa; dar conhecimento às pessoas de alguma coisa) é
tornar algo comum, entendemos que a comunicação compõe-se de um conjunto de
conhecimentos de ordem, inter; pluri e transdisciplinar em permanente processo
de actualização.
Por informação, entende-se o conteúdo da
comunicação e por tecnologia o conhecimento técnico e científico, ferramentas,
processos e materiais criados e/ou utilizados a partir de tal conhecimento.
Esta trilogia: tecnologia, informação e
comunicação leva-nos a conjecturar também sobre o que classicamente, alguns
professores adoptam, formulando a seguinte questão: Qual é a prática mais comum
em relação aos materiais didácticos? Não raras vezes, a maioria dos docentes,
adopta um livro… e o transforma em “pauta sagrada” ou seja, encontra “tudo”:
teoria, exercícios… devidamente escrutinados e resolvidos, o que pode ser um
perigo. Pois, esse “modo de usar” exime o docente de planear, seleccionar
conteúdos de modo a cruzar com o perfil dos seus alunos.
Ao professor, pensamos, caberá administrar o
ensino de acordo, não só com as orientações programáticas, mas também com as
estratégias próprias, que incluem recurso a meios e métodos diversificados.
Obviamente, a experiência de trabalho é importante.
Neste prisma, e incluindo a trilogia
supracitada, importará capacitá-lo e incubá-lo aos “novos” processos e
potencialidades das TIC’s, como recurso indispensável na ministração de um
ensino de qualidade na era da (des) informação, no designado século das
comunicações.
Assim, já de seguida, apresentaremos algumas
propostas de trabalho de didactização dos meios de ensino com o recurso às
TIC’s, de uma forma introdutória e sinóptica. Não porque seja o melhor, mas
porque é o caminho possível nesta altura, por dois factores fundamentais: (1º) O
vasto público de docentes “formandos”, que obviamente não permite a execução
exercitada e atura dos vários recursos disponíveis quer nas redes sociais como
nas plataformas colaborativas/aprendizagem.
(2º) Pensamos não existirem condições primárias,
nas circunstâncias em que ministramos este seminário para criação “um balão” de
ensaios.
Entretanto, como pedra basilar lançamos este
primeira empreitada para num futuro ainda desconhecido, prosseguirmos com o
projecto.
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A didactização dos meios de ensino com recurso às TIC’s / NTIC’s
Como processo variado, extensivo e inclusivo a
didactização dos meios de ensino com recurso às TIC’s, depende muito da
matéria, campo de acção, objectivo, métodos, público-alvo, recursos disponíveis
e seu poder de alcance.
Assim, elegemos por um lado as seguintes redes
sociais, por nos parecem mais adequados à situação: o Facebook, o Blogger e o
Youtube. Por outro, escolhemos as plataformas colaborativas / aprendizagem
particularmente o Hotpotatoes e também as ferramentas da Web. 20 e às LMS /LCMS
por serem as mais acessíveis e relativamente simples de usar.
Facebook é um site e serviço de rede social que foi
lançada em 4 de Fevereiro de 2004 e que conta até agora com mais de 1 bilhão de
usuários activos.
Um blog é um site cuja estrutura permite a actualização
rápida a partir de acréscimos dos chamados artigos, ou posts. Estes são, em geral, organizados de
forma cronológica inversa, tendo como foco a temática proposta do blog,
podendo ser escritos por um número variável de pessoas, de acordo com a
política do blog.
Web2.0
– sistema direccionados para automatizar
os aspectos administrativos da aprendizagem: inscrições, disponibilização de
conteúdos, relatórios de actividades…
LMS
/LCMS – Sistema destinado a criação,
catalogação, armazenamento e distribuição de conteúdos.
III. Conclusões
Caberá ao professor potenciar didacticamente
aos meios das TIC’s colocados à sua disposição basta somente que domine (1º) o
conteúdo, (2º) os métodos, (3º) as técnicas e por fim a operacionalização dos
meios informáticos e as ferramentas da plataforma instalada no aparelho de
trabalho.
O bom usufruto das TIC’s como potencial
didáctico é um exercício que combina conhecimentos da matéria e do material a
ser utilizado. Requererá também do docente, uma boa prática e conhecimento de
interacção via “redes sociais”, web.20 e outras ferramentas disponíveis no
vasto e complexo mundo das TIC’s.
Bibliografia
ARAUJO, J. (2002) As intencionalidades como
directrizes da prática pedagógica.
Universitária São Paulo: Papirus.
GARCIA, R (2004) O fazer e pensar dos
supervisores e orientadores educacionais. 9 ed. São Paulo: Loyola.
HAYDT, R. (1997) Curso de didáctica Geral.
3.ed. São Paulo: Ática
LIBÂNEO, J. (1999) Pedagogia e pedagogos, para
quê? São Paulo: Cortez
LUAIZA, B.A. (2008) Pedagogia e Didáctica:
duas ciências autónomas. Imperatriz: BeniRos.
SOUSA, M. E. V (2000) Discurso de sala de aula: as surpresas do previsível. Tese de
Doutorado. Defendida na UFPE, Brasil